Após um processo de enorme tensão para os trabalhadores desta empresa. Durante este processo, que durava desde Outubro de 2008 com impasse nas negociações, passámos pelas adversidades e, saímos das mesmas, com enorme sentido de responsabilidade num processo de enorme maturidade Democrática.
Durante as negociações fomos confrontados com pressões para a saída de trabalhadores para “rescisão de mútuos acordos”, contra a vontade dos trabalhadores, o que nos colocou numa posição de reflexão na procura de dar respostas à altura em relação à ofensiva contra os trabalhadores.
A CT convocou assembleias-gerais de trabalhadores para encontrar as respostas a dar. Fê-lo através da decisão dos trabalhadores, passando por referendar uma greve com votação através do voto secreto, com 84,2% do total de votos a favor e apenas13.7% de votos contra, numa participação de 83% do total dos trabalhadores e uma baixa abstenção de 17% (considerando 10% de ausências de trabalhadores da fábrica).
Referendada a greve, avançou a CT para um pré-aviso de greve de três dias, contra os despedimentos dos trabalhadores (18) e pelo desbloqueio das negociações para aumentos salariais.Após negociações com a Direcção da empresa chegou-se a um acordo para aumentos salariais de 3% e a manutenção dos postos de trabalho, apenas trabalhadores que não assinaram as rescisões (quatro, porque os restantes decidiram fazer acordos quando ainda não tinha a CT iniciado negociações, apesar de termos falado com estes trabalhadores, mas é uma decisão de cada um e de carácter pessoal).
Após a realização da assinatura do respectivo pré-acordo, o qual se colocou à votação dos trabalhadores, novamente por voto secreto, porque assim entendemos ser coerentes, decidiram os trabalhadores votar favoravelmente por uma esmagadora maioria de 92% de votos favoráveis dos votantes e uma abstenção de apenas 29% dos trabalhadores da fábrica.
Se considerarmos os ataques que a esta CT têm sido dirigidos, seja porque nos acusam, através de artigos no Jornal do Avante, através de uma denominada “célula do PCP dos trabalhadores da Autoeuropa” os quais dizem que fazemos “silêncio” ou que “não exercemos o controlo de gestão” conforme se comprova nos artigos publicados recentemente, sentimo-nos mais fortes pela voz dos trabalhadores que sabem quebrar o silêncio quando é necessário.
Começamos a ficar preocupados se não estaremos perante uma “célula maligna” que nos tenta adoecer e quer colocar em causa a Democracia existente nesta empresa, que pensa e executa primeiro internamente, para posteriormente se fazer ouvir nos momentos certos e nos locais exactos.
O PCP é grande e não merece tão pequenos fomentadores do juízo errado, pois perde o partido e perde a democracia!
Também já se fazem sentir alguns “ecos” de sindicalistas, que nos zumbem aos ouvidos, que dizem “afastarmos o sindicato a trabalhar assim”, os quais estiveram em reuniões em que nada disseram, ou comunicaram aos trabalhadores após as mesmas reuniões, e sobre as quais saíram artigos no Avante, dois dias após a realização das reuniões com informações completamente distorcidas daquilo que se tinha falado.
Será isto que se pretende para ganhar os trabalhadores?Mais questionamos, será que a nossa democracia está errada quando os trabalhadores participam massivamente nas decisões da empresa e na defesa dos seus interesses?
Será que marcar uma greve por um processo democrático e levantar a mesma democraticamente é errado, por ser assim que os trabalhadores decidiram?
Será que a nossa juventude, a qual tem inovado, neste parque industrial, estará desenquadrada com a realidade actual de despedimentos, encerramentos de empresas no país, quando conseguimos lutar, manter postos de trabalho e negociar aumentos salariais?
Talvez seja necessário dar a volta a isto, puxar algumas forças externas para compreenderem as internas e complementarem-se a estas, e não o contrário!
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